terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Top livros 2013

O ano está chegar ao fim, é uma altura de reflexão em que se revê o ano que passou. É também a minha altura favorita do ano em termos de livros, filmes e afins. É altura em que a Internet é inundada de listas e mais listas do que foi melhor durante o ano. E eu adoro listas! Nada melhor para se descobrir um novo livro, ouvir um álbum desconhecido, ou ver aquele filme que nos passou completamente ao lado. Aqui fica o meu modesto contributo para a listopia da Internet.

A lista não se cinge a livros editados no ano 2013, mas sim a livros que li durante este ano e que ficaram no meu top de leituras.

1-Black Prism de Brent Weeks

Simplesmente fantástico! O meu livro favorito do ano, e um dos melhores livros de fantasia que tive o prazer de ler. Primeiro livro de uma trilogia, Black Prism é complexo, cheio de reviravoltas, e impiedoso com o leitor dando verdadeiros "murros no estômago". Basta para isso dizer que numa das revelações mais bombásticas fechei o livro, e durante dois minutos chamei nomes feios a Weeks. Espero mesmo que algum dia chegue ao mercado português, é genial.




2- Prince of Thorns de Mark Lawrence

Bem-vindos ao interior da cabeça de uma das personagens mais sádicas e megalómanas da fantasia! Jorg Ancrath é cruel, mentiroso, desonesto, sádico. Jorg Ancrath é espetacular! Uma lufada de ar fresco para quem está cansado do herói bondoso e altruísta que vence sempre no fim. Neste primeiro volume da trilogia (que já está terminada Lawrence não brinca) conhecemos Jorg e o mundo que habita, uma espécie de futuro em que uma guerra passada devastou o mundo mergulhando-o de volta à idade das trevas. Bem escrito e divertido este livro tem tudo. É fantástico ver as personagens encontrar uma tecnologia passada perdida e tentarem adivinhar o que se trata ou julgar que é alguma magia negra. Mais uma vez esperemos que seja publicado por cá.


3- O Exorcista de William Peter Blatty

Crítica aqui no blog alguns posts atrás, não me vou alongar muito mais. É um livro com uma escrita tão bem elaborada, com uma história assustadora sim, mas vale tão mais que isso. Talvez a maior surpresa do ano nas minhas leituras, não estava nada à espera de ser arrebatado desta maneira. Hey e é uma pechincha comprem!






4- Ready Player One de Ernest Cline

O paraíso de qualquer geek, principalmente para os que cresceram nos anos 80 e 90. A crítica está no primeiro post do blog. Como se debruça sobre a cultura pop dos EUA na altura, dificilmente será traduzido para português.







5- Aprendiz de Assassino de Robin Hobb

O meu primeiro contacto com esta saga deu-se apenas este ano, e como todos os que já leram fiquei rendido a Fitz e às suas desventuras. É um livro maduro, uma história cheia de emoção e um grande livro de fantasia. Dispensa apresentações, e brevemente terminarei a primeira trilogia, nessa altura direi mais qualquer coisa.







6- O Hobbit de J.R.R. Tolkien

Dispensa apresentações. A espécie de prequela  do Senhor dos Anéis. Era uma falha minha nunca ter lido este livro sendo eu um enorme fã de Tolkien ( Senhor dos Anéis e O Silmarillion são os meus livros favoritos de fantasia de sempre, e que me introduziram no género era eu um menino). Com um tom diferente que a obra maior de Tolkien, afinal O Hobbit é um livro para um publico mais jovem, não deixa de ter aquela magia que só Tolkien consegue imprimir nas palavras. Ainda hoje face a grandes autores, arrepio-me quando penso no génio de este senhor ao criar tudo o que criou. Mágico!



7- O Pistoleiro de Stephen King

O início de uma das maiores aventuras da fantasia, muitas vezes comparadas a grandes obras como a de Tolkien, O Pistoleiro é um misto de fantasia, FC e horror. Roland é uma personagem cheia de mistérios, e o antagonista, o homem de negro, é neste livro um dos aspectos maiores, com todo o misticismo à sua volta. Uma grande leitura, em português, e que vale a pena apoiar! Não queremos que aconteça o mesmo que aconteceu a outra serie publicada pela Bertrand pois não?!





 8- Consider Phlebas de Iain M. Banks

O primeiro livro no Universo de Culture. Ficção Científica de qualidade, grandes conceitos e imaginação, e que levanta questões sociais e ideológicas bastante interessantes. Já faz falta ao mercado português ver mais FC de qualidade, pode ser que 2014 seja o ano.







9- Red Shirts de John Scalzi

Com um conceito completamente "louco" Red Shirts é um livro hilariante. Num universo bastante parecido ao de Star Trek, um dos tripulantes da nave espacial Intrepid começa a questionar o porquê de sempre que uma away team é realizada um dos soldados mais rasos, os red shirts ser morto, e nunca nenhum dos oficiais sofrer o mesmo destino. No meio de universos alternativos e questões metafísicas temos um livro bem engraçado.





10- Bitter Seeds de Ian Tregillis

Aqui está um livro que podia ver a luz aqui por terras lusas. A premissa é simples, um cientista louco nazi desenvolve um programa de treino de super soldados. Os poderes vão desde voar, a lançar bolas de fogo, ou a premonição. Face a esta nova ameaça com o que é que os aliados respondem? Com feiticeiros que conjuram seres de outro mundo através de sacrifícios. Parece uma ideia maluca? Parece, mas resulta! O livro tem os seus problemas, é a estreia do autor e tudo mais, por isso os pequenos problemas são perdoados. O primeiro de uma trilogia, que vou com certeza terminar.



E aqui estão os dez melhores livros que li durante 2013. Decidi não incluir BD, não porque não ache que seja um veículo para contar histórias tão potente quanto um livro, aliás algumas publicações que li neste ano tinham lugar no top com certeza, foi apenas para me facilitar a escolha. Como seria de esperar acabei por ler mais em inglês, mas foi quase 50/50.

Foi um bom ano de leituras, tenho que abater a lista de espera para começar a ler publicações que vão saindo. Mas falar é fácil, parece que o monte não acaba nunca, mas está diminuir.

A todos um Feliz 2014, e boas leituras!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Arrumações

Hoje foi dia de arrumações na caverna! Ando há muito tempo a tentar descobrir qual é a melhor maneira de organizar os meus livros na estante, por autor? Por género? Livros lidos e não lidos? Um misto de todos? Demasiadas escolhas para tão pouco espaço! O que acontece é que de quando em vez lá vou eu desarrumar a estante principal ( porque há mais mas não as posso chamar minhas ) e altero completamente a ordem.

Desta vez ficou tudo separado em livros que já li e livros por ler. Tentei manter livros dos mesmos autores juntos, e que tudo tivesse um ar "catita", mas a falta de espaço é tramada. Este exercício de quem não tem mais que fazer e claramente está de férias, serve para mais do que parece. Acabo por sentir o pulso à minha parca colecção, e para onde os meus gostos se tem inclinado. Além de que me divirto à brava, porque como já disse em várias ocasiões a amigos, acho que gosto mais dos ter do que os ler, e isto de os arrumar e tê-los nas mãos, folhear sentir o cheiro... Só quem gosta mesmo de livros sabe do que estou a falar.

Alguns dos pontos que anotei nesta reorganização:


  • O número de livros que possuo e  já li finalmente é maior dos que os que não li! (Obrigado Sylvia pela proibição)
  • O número de livros em Inglês é cada vez maior. Facilidade em ler nessa língua, o preço dos paperbacks, e o preço pornográfico dos livros em Portugal muito para isso contribuem. Mas mesmo assim a maior razão é mesmo a maior parte dos livros que me despertam interesse não estarem publicados na nossa língua. Ultimamente isto tem vindo a melhorar.
  • Vou ficar sem espaço na estante no próximo ano... (ou pelo menos para todos os livros continuarem bonitinhos e todos à mostra)
  • Tenho que arranjar espaço! Para isso vai contribuir a aquisição de um e-reader nesta quadra festiva. (se querem ter surpresas no natal não abanem as caixas nem associem o tamanho às lojas dos embrulhos)
  • Fantasia continua a dominar. Seguido de Ficção Científica, Horror, e Banda Desenhada que cada vez mais é um género que me desperta interesse.
  •   As séries/trilogias/sagas e afins são cada vez mais. Não que isso propriamente seja um problema, o problema é mesmo o tempo que demoram a ser concluídas. Tenho demasiadas series com apenas um ou dois volumes, que sei vão ter mais instalações. Podia simplesmente eliminar series e sagas que ainda não chegaram ao fim, mas pesa-me a consciência estar a passar ao lado de livros que possivelmente são muito bons. Mas não vou iniciar outra serie até pelo menos uma das que leio actualmente estar concluída. Não tenho mais espaço na minha vida para vocês series!
  • Gosto mesmo de livros!



Aqui ficou o resultado final, pelo menos por enquanto!

Aproveito este post para desejar boas festas e boas leituras a todos.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Consider Phlebas

"A guerra assolava a galáxia, Biliões haviam morrido, biliões mais estavam condenados. Luas, planetas, as próprias estrelas, enfrentavam destruição. Os Idirans lutavam pela sua Fé; a Culture pelo seu direito moral a existir. Princípios estavam em jogo. Não podia haver rendição."

Consider Phlebas é o primeiro livro no universo criado por Iain M. Banks, Culture. Penso que todos os livros no universo são histórias independentes umas das outras, mas como tudo nada melhor que começar no início.

A galáxia encontra-se em guerra. Duas das maiores facções lutam por motivos diferentes. De um lado temos os Idirans, uma raça guerreira alienígena que vive para se expandir e levar a sua crença religiosa e o seu Deus aos povos inferiores da galáxia, pois consideram-se os escolhidos para essa tarefa. Do outro lado temos a Culture (ou Cultura em português). A Culture é uma utopia tornada realidade. A Singularidade (ponto em que máquinas atingiram um nível de inteligência superior que os humanos) aconteceu e máquinas sencientes, as Mentes, governam a Culture, libertando os seres humanos para perseguirem todo e qualquer objectivo ou sonho que desejem.

O universo criado por Banks tem por isso uma forte componente política, em que dos dois lados estão ideologias completamente opostas. Sem nunca transparecer que uma ideologia é melhor que a outra, mesmo tendo o protagonista principal claramente contra uma delas, Banks tece uma frágil teia ideológica, política, e moral que nos cativa e levanta tantas questões quantas bons livros nos devem levantar. Estar do lado da evolução biológica, da crença religiosa? Ou do avanço tecnológico, tal que temos entidades parecidas com deuses, mas perdemos a identidade, a busca do que nos faz humanos, entregar o destino nas mãos de outro.

São estas e outras questões que o protagonista desta história deve ter enfrentado, tendo se decidido pelo lado dos Idirans. Horza de seu nome. Humano. Mas uma espécie diferente de humano. Horza é um Changer, o que significa que consegue transformar a sua aparência física e copiar outro qualquer ser humano. Inevitavelmente a sua raça foi recrutada pelos Idirans, e encarregue de missões de espionagem.

É nesta situação que primeiro conhecemos Horza, literalmente com "porcaria até ao pescoço" numa das situações mais bizarras do livro. Desde aí uma espiral de acontecimentos se desenrola. Após Horza ser salvo de uma situação complicada, uma nova missão é lhe atribuída. Uma Mente da Culture despenhou-se num Planeta dos Mortos, e os Idirans querem capturar essa Mente. Para isso decidem enviar Horza, pois só ele conseguirá ter acesso ao Planeta dos Mortos. E é aqui que me apercebo de que este livro é apenas a porta de entrada para um Universo maior.

Passo a explicar, os Planetas do Mortos mais não são que museus, exposições à escala planetar de civilizações que dizimaram toda a vida nos planetas que habitavam, incluindo a sua. Estes planetas são guardados, ou neste caso curados, por seres extraordinários, quase deuses, chamados Dra'Azon, que não admitem interferências do mundo exterior com os seu monumentos à morte. Por quão interessante e rico isto possa parecer, não passa de uma história secundária, um doce dentro do saco de gomas que é todo o livro.




À medida que acompanhamos Horza na sua missão muitas mais situações se desenrolam, desde a captura por selvagens canibais liderados por um profeta louco, a um jogo de sorte e azar em que perder uma vida significa perder literalmente uma vida humana, ao inevitável confronto final que se torna mais pessoal que profissional.
Horza não é de todo o herói que se espera, tem defeitos, e várias vezes dei comigo a discordar com a maneira que agia, ou a achar um seu opositor mais digno.

Mas aí está a beleza deste grande livro de sci-fi! Não é tendencioso para qualquer dos lados do conflito, e embora eu tenha a maior parte das vezes alinhado mais com a ideologia da Culture, várias foram as vezes que discordei também. Um grande livro para iniciar um Universo que ao que tudo indica será rico e cheio de ambiguidade moral e surpresas.

O aspecto mais negativo do livro será a forma algo rápida, na minha opinião, como o final se desenrolou. Não a batalha e acontecimentos finais, mas o tratamento. Queria saber mais sobre os Dra'Azon, Sobre a Culture e o seu modo de vida. Sobre o passado dos Idirans. O que no fim acaba por não ser sequer um aspecto negativo.



Infelizmente Iain M. Banks deixou-nos durante este ano. A melhor forma de honrar a sua memória será lendo a sua obra que se estende não só pelo ramo da ficção cientifica com os livros no Universo Culture, mas também com os seu livros de literatura genérica assinados sob o nome de Iain Banks. Infelizmente não existe uma edição recente das obras de Banks em Portugal. Uma pesquisa rápida pelo site da Wook mostrou-me que, para grande surpresa minha, este livro está publicado em português. Uma publicação de 1991, que está apenas a 6,32e! É de aproveitar, é um grande livro, o qual recomendo. Embora existam mais livros neste Universo, Pensa em Phlebas  pode ser lido individualmente sem qualquer problema.

Se procuram boa ficção científica, aqui está uma opção a considerar.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O Pistoleiro - Torre Negra 1

"O homem de negro fugiu pelo deserto e o pistoleiro foi no seu encalço."

Assim começa a aventura de Roland Deschain, o último pistoleiro, num mundo que avançou. Por muitos considerada a obra maior de Stephen King, a saga da Torre Negra demorou 20 anos para ser escrita (e esta fãs de GRRM?!) com mais de 30 milhões de livros vendidos, é uma das series mais famosas do fantástico, que finalmente chegou a Portugal.

No primeiro volume desta saga épica o pistoleiro persegue o homem de negro, uma figura misteriosa de que pouco sabemos, apenas que Roland o tem que alcançar, e consequentemente chegar à Torre Negra. Adoro o facto de não sabermos praticamente nenhuma das motivações de Roland no início, porque persegue ele o homem de negro? Porque quer tão desesperadamente alcançar a Torre Negra? Quem é Roland? Quem é o homem de negro? E que mundo é esse em que o pistoleiro habita?
Ao longo do primeiro volume vamos tendo alguns vislumbres de respostas a essas questões, para outras logo de seguida se levantarem, o que só trás mais mistério e interesse em virar só mais uma página. Além de nos mergulhar directamente na acção, seguindo a máxima "mostra, não digas".

O mundo do pistoleiro, embora com várias parecenças com o nosso, é algo diferente, como tantas vezes nos aparece é um mundo que avançou. Todo este mistério adensa-se quando Roland conhece um rapaz, ao que tudo indica, de Nova Iorque, levantando assim a possibilidade de outros mundos existirem.

Como inspirações para o livro são referidas um poema de Robert Browning Childe Roland to the Dark Tower Came, bem como as lendas arturianas e a Terra Média, o mundo criado por Tolkien. Mas a inspiração mais óbvia é a do pistoleiro em si. Inspirado em Clint Eastwood no Bom, Mau e o Vilão, Roland é um herói solitário que perdeu tudo, um pistoleiro exímio que consegue arrancar as asas de uma mosca, que vive em constante luta com fantasmas do passado, e parte numa missão de busca e redenção.

Se Roland é um personagem fulcral neste primeiro volume, não podemos esquecer o mítico homem de negro. Pouco se sabe dele, apenas que possuí poderes estranhos e perigosos, e que pode dar as respostas que o pistoleiro tanto quer.


O Pistoleiro é o primeiro volume da Torre Negra, com o segundo a chegar em Janeiro do próximo ano (não tenho certeza quanto a esta informação, mas penso que foi a data que vi algures na net). Recomendo absolutamente! É um leitura rápida, um misto de fantasia, sci-fi e terror, com um personagem cativante, um antagonista ainda mais cativante, com mundos alternativos estranhos, e a porta para uma das melhores sagas de fantasia.