segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Exorcista

Como me tinha proposto, iria ler dois livros presentes na lista de livros mais assustadores que os leitores do Bookdepository tinham votado para este Halloween. Os livro eram para ser o The Shining de Stephen King e um dos seguintes Dracula - Bram Stoker ou 1984 - George Orwell. Ora como nada na vida é certo e corre como planeamos, houve um ligeiro desvio e acabei por ler O Exorcista de William Peter Blatty. E não podia estar mais contente por o ter feito.

Muitos já viram o filme homónimo, que é um verdadeiro clássico do terror. Lembro-me, há uns anos atrás quando ainda se alugavam cassetes em clube vídeos, fomos numa bela tarde alugar o exorcista, eu e mais quatro amigos. Sentámos-nos confortavelmente nos sofás da minha sala e começamos a visionar o dito filme, do qual apenas sabíamos que era "de meter medo". Chegamos à parte em que a rapariga possessa desce as escadas qual aranha... Pausa. Cassete para a caixa. E fomos fazer algo que nos fizesse rir, aquilo era demais para garotos da nossa idade. Tenho a dizer que nunca mais peguei no filme para o ver todo, e mesmo sabendo que agora o iria ver de ponta a ponta sem qualquer problema, a verdade é que me lembro bem demais, mesmo passados todos estes anos, o medo que aquilo me fez sentir.

Foi então com um certo historial que me cruzei com este livro numa das minhas idas à livraria. Peguei nele sabendo que também fazia parte da lista, vi o preço, 3,5 euros. Sim isso mesmo, um clássico por apenas 3,5 euros! Como é óbvio tomei de imediato a decisão de o levar comigo e dar-lhe uma nova casa na minha estante.

Abordei o livro sem qualquer tipo de expectativas, além de que seria um livro de terror e que se o filme fazia justiça ao material escrito em que se baseava, iria ter cenas aterradoras. Basicamente pensei, será um livro de terror.

Não podia estar mais enganado. Não que não seja um livro de terror, porque o é, mas é tão mais que isso. É uma verdadeira experiência de leitura. Único. O primeiro impacto que tive foi quando me deparei com uma prosa fluída e bem trabalhada, que tece uma teia com todos os pequenos pormenores, os quais muitas vezes achamos insignificantes na altura mas nos levam a perceber as personagens, tornando as mesmas mais humanas, bem como todo o mistério que se vai desenrolando. De tal modo me apanhou de surpresa a excelência da prosa de Blatty que me perguntei o porquê de não ser um autor mais conhecido, ou com mais livros publicados.


O Exorcista trata da história de uma menina de doze anos que ao que tudo indica é possuída por um demónio. E digo "ao que tudo indica" porque aí está outra das coisas que me apanhou de surpresa, nunca no livro nos é dada a total certeza que a menina está de facto possuída. Procurando-se sempre uma razão psicológica, um distúrbio mental como a razão dos factos paranormais que a afectam.

Mas como grande livro que é O Exorcista é muito mais que um simples despejar de cenas horríveis e assustadoras. Embora elas existam e sejam assustadoras. Mais até ao nível da fragilidade humana, o definhar aos poucos de uma criança saudável, a queda num abismo de loucura e doença. Como disse, o livro é mais que isso. É a história de uma mãe desesperada, que tenta com todas as armas que tem à sua disposição, mesmo quando essas vão contra todas as suas crenças e a sua racionalidade, salvar a filha.
A história de um padre com uma crise de fé, que teme ter sido abandonado pelo seu Deus quando ele próprio abandonou a sua mãe idosa.
Um detective com graves problemas respiratórios que tenta desvendar um crime deveras peculiar. E um exorcista que teme o destinado reencontro com uma força sobrenatural, a qual irá batalhar até um dos dois sucumbir.

É este o quadro que O Exorcista pinta, tendo como principal destaque a prosa de Blatty. Como já podem ter adivinhado adorei o livro, fiquei completamente rendido a este clássico do horror. A cena final apanhou-me de surpresa, e é de tal modo comovente que me emocionou. Este livro vai ficar presente na memória durante muitos e muitos dias. E isto tudo por apenas 3,5 euros! Não há desculpa, vão já comprar. 

domingo, 20 de outubro de 2013

Dresden Files

"Perdidos e Achados. Investigações Paranormais. Consultoria. Preços Razoáveis. Não faço Poções do Amor, Carteiras Sem Fundo, ou Outros Entretenimentos."



É assim que se apresenta Harry Dresden, o único detective privado feiticeiro em Chicago.

Jim Butcher traz ao mundo da Fantasia Urbana, que até está muito em voga nos dias que correm, uma personagem que cheira a novo (como dizem os americanos). Dresden Files, que se iniciam com "Storm Front" são o relato dos "casos" com que Harry Dresden se depara, narrados pelo próprio. Num ritmo sempre frenético Harry descreve as suas desventuras com o paranormal, sempre com um tom irónico, e humor negro que caracterizam a personagem.

Harry apesar da sua posição privilegiada no mercado dos detectives privados que dominam o oculto, não tem filas de clientes a bater à sua porta, e vai ganhando a vida com a parceria que mantém com o Departamento de Investigação Especial da polícia de Chicago, chefiados pela tenente Murphy. Dresden serve de consultor para os casos fora do normal, acabando por desenvolver uma amizade peculiar com Murphy.

Ajudado por uma caveira falante que serve de Enciclopédia do Oculto, munido dos seus artefactos mágicos, e não esquecer a sua gabardina negra, Harry Dresden luta contra feiticeiros negros, vampiras sexy donas de bordéis, lobisomens, e gangsters que dominam o sub-mundo do crime.

Recentemente acabei o segundo livro da serie, "Fool Moon" e não o tendo apreciado tanto como o primeiro, acabou por ser uma leitura agradável, rápida e cheia de acção, características que já associo aos livros de Jim Butcher. O humor é uma constante o que ajuda a tornar a leitura mais leve, mas podem se esperar momentos de tensão e mistério, pois Butcher é conhecido por atirar o feiticeiro em situações complicadas e sem solução à vista. São livros leves, que se podem ler despreocupadamente e no final ter um sentimento de satisfação, ficando o desejo de ler o próximo. O livro indicado quando queremos descontrair e fazer um intervalo de leituras mais "pesadas". 

Dresden Files é portanto uma leitura bastante agradável, e neste momento a única neste sub-género da fantasia urbana que me diz algo. Talvez The Iron Druid Chronicles de Kevin Hearne, tem recebido boas críticas, mas de momento não tenho tempo para mais que uma serie do género.

Harry Dresden foi também levado ao pequeno ecrã numa série telvisiva The Dresden Files, a qual nunca vi e teve apenas uma temporada.

Fica aqui também uma espécie de apelo às editoras nacionais, existe boa fantasia urbana, escusamos de ser bombardeados com fantasia sexual barata que acaba por rotular o sub-género injustamente. Tendo também como vantagem Butcher ser um escritor prolífico, contando já com 14 livros publicados na serie Dresden Files e 6 na sua série de fantasia Codex Alera.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Halloween is Coming


É verdade o Halloween está a chegar, e embora não com a mesma notoriedade que se observa nos EUA ou UK, há sempre algumas pessoas que aproveitam para fazer umas travessuras aqui e ali. Já eu vou tentando não fazer muitas ( e não faço,sou um santo eu) mas tento tornar o mês de Outubro o meu mês dedicado mais aos sustos e ao horror. Não sou nem de perto um perito na área, mas desde há uns anos para cá que vou tentando alargar o conhecimento neste ramo do Fantástico. E afinal, quem não gosta de um bom susto de quando em vez?!


Uma das formas a que me socorro para colmatar essa minha falta de conhecimento na hora de escolher um livro ou um filme são listas. Adoro listas. Final do ano é das minhas alturas favoritas, melhores filmes do ano, melhores livros, melhores álbuns, são um poço de conhecimento. E foi isso mesmo que o www.bookdepository.com fez este ano para esta quadra dos horrores.

Pediu aos seus utilizadores para votarem nos livros mais assustadores de sempre e o resultado foi este top 20.

Como todos os tops, não vai agradar a toda a gente, e muitos podem argumentar que determinado livro é mais assustador que outro, ou que não tem qualidade. Eu encaro estas listas não como um ranking de qual o melhor, mas sim como uma fonte de informação.


No topo da lista temos Stephen King, um dos autores mais conhecidos da lista (se não o mais conhecido, e com certeza o que mais vende) com um clássico "The Shining". Por muitos considerado o melhor livro do autor e o mais assustador. Nunca o li, vi apenas o filme homónimo de Kubrick . Aliás dos vinte livros li apenas "Salem's Lot" também de King, "Silence of the Lambs" de Thomas Harris e vários contos de Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft.

Um dado curioso prende-se com a inclusão de "1984" de George Orwell, que não sendo um livro propriamente de horror (andaria mais por campos do Sci-fi) muitos acharam que era suficientemente assustador para o incluir na lista. E a meu ver com razão, a ideia de ter um "Big Brother" (não o da TVI) onde todas as tuas acções são controladas não é confortável para ninguém, e é a prova que nem sempre são preciso monstros estranhos para assustar, por vezes os monstros mais familiares são os mais assustadores.


Da lista queria ver se conseguia neste meu mês dos horrores ler o "The Shining", e aproveitar que os tenho na estante e ler "Dracula" de Bram Stoker ou "1984" de Orwell.  

Neste mês de Outubro, se nunca leram um livro que vos fizesse arrepiar a pele, porque não pegar num exemplar da lista e experimentar um (Buh) susto!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Reanimator- H.P. Lovecraft


Ainda impulsionado por Re-Animator o filme, agora Herbert West - Reanimator o conto de H.P. Lovecraft que deu origem ao filme de culto.


Tenho esta colectânea de contos de Lovecraft na estante à bem pouco tempo e ainda não tive tempo de lhe pegar e ler um conto sequer. Ora como sabia que o filme havia sido baseado numa das histórias mais famosas de Lovecraft decidi dar uma olhadela não fosse o conto estar presente. E lá estava ele à espera de numa noite fria e ventosa, quando toda a gente recolhe para o aconchego fugindo dos calafrios da noite, que uma alma corajosa enfrentasse uma outra espécie de calafrios.

Horror ou Comédia?!

Aqui há dias, numa dessas noites aborrecidas em casa, eu e outro colega de casa decidimos ver um filmezinho para passar o tempo. Foi me dado o poder de escolha, e entre as centenas de filmes há disposição na altura foi escolhido Re-Animator.



Re-Animator (1985) é um filme de horror realizado por Stuart Gordon, e com Jeffrey Combs, Bruce Abbot, Barbara Crampton e David Gale nos papéis principais.

A cena de abertura arrancou à audiência (eu e o meu colega) um estrondoso "eh lá". O início do filme mostra-nos num horror nonsense, quase cómico, em que tom a narrativa se vai passar. Os efeitos, agora datados, da altura ajudam também à festa ( e ao charme do filme, efeitos práticos na minha opinião são superiores ao abuso do CGI de agora, mas isso é outra conversa). Em Re-Animator acompanhamos o percurso académico de um jovem médico, Herbert West (Jeffrey Combs) , quando chega à Miskatonic University vindo do Instituto de Medicina de Zurich na Suiça.

West aluga então um quarto com outro estudante da universidade, Dan Cain (Bruce Abbot), e transforma a cave no seu pequeno laboratório para prosseguir as suas experiências. Ora sem querer estragar muito da história - West quer provar que consegue trazer à vida, com um soro verde fluorescente desenvolvido por ele, seres finados e assim quebrar as barreiras da própria morte. Munido com a seringa cheia do seu soro cor radioactiva, vai re-animando corpos primeiro de animais e inevitavelmente mais tarde de humanos. Mas algo corre mal (claro está) pois os corpos quando são re-animados revertem a um estado de selvajaria e tentam passar à caçarola tudo o que mexe. Ao que West se desculpa dizendo que "não estava fresco suficiente".



À medida que o filme se desenrolava fomos transportados no carrossel de violência e do puro absurdo. West sempre no seu tom sério e macabro consegue arrancar gargalhadas como ninguém. A uma altura do filme decapita um médico rival e injecta o soro na cabeça e no corpo decapitado. Nunca o uso de uma cabeça falante foi tão cómico. Pérolas como a cabeça estar fechada num saco de viagem e inspirar profundamente quando abrem o saco dizendo "está muito melhor". Ou de ter que estar numa travessa de sangue para subsistir. Com o corpo a servir de mordomo da cabeça e levá-la para todo lado.

"Muito melhorrrrrrr"


No meio de tanta risada descontrolada chegamos ao confronto final, e que confronto esse! Desde cabeçadas à cais sodré a uma cabeça decapitada, a vísceras assassinas que saltam da cavidade abdominal para se enrolarem ao pescoço das vítimas e sufocá-las, à cena final que embora até certo ponto previsível não deixa de ser perturbadora.

Re-Animator  é dos melhores filmes de horror/comédia que já vi. O meu colega não tardou a classificá-lo como o pior filme que viu, mas sempre que nos lembramos de alguma cena eu vejo um brilho especial nos olhos dele, sei que nunca vai esquecer esta pequena pérola, e que no fundo gostou tanto do filme como eu. Até porque vou propor que este filme seja visionado todos os anos, numa noite aborrecida,  pelo meu grupo de amigos. Vai ser uma espécie de ritual. Se gostam de horror nonsense e querem dar uma boa gargalhada, este filme de culto é o indicado. Dizer também que é baseado num conto do grande H.P. Lovecraft, conto esse que ainda não li, mas vou tratar de preencher essa falha.

Fica aqui um pequeno trailer:




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

GeekingOut

Ora viva pessoas! (Robots, semi-deuses, vampiros, IA e afins são igaulmente bem-vindos)
Bem-vindos à minha pequena cave, numa galáxia far far away nos confins da Net, onde vou partilhar as minhas pequenas obssessões,todos as temos, sendo que as minhas abrangem a maioria dos aspectos do Fantástico. Filmes, jogos, livros, comics, series, a traquitana toda!

É facto que existem por aí uma quantidade bastante apreciável (enorme) de blogs do género quer internacionalmente, quer mesmo a nível nacional onde a nossa comunidade cada vez maior se vai expressando. Com certeza a grande maioria dos blogs será mais interessante que o meu (não o meu é o melhor, só estou a jogar a carta da humildade) e mais bonitos e com mais informações, mas!! O meu objectivo é apenas partilhar com o mundo o que dá corda ao geek que há em mim, em termos do Fantástico está claro não vamos entrar ao barulho com processos biológicos e afins.

Portanto mais uma vez bem-vindos ao GeekingOut!

E vamos já começar! Visto que acabei há pouco o livro que estava a ler, e foi esse mesmo livro que me impulsionou para a criação da minha pequena cave. Porque isto de se ser um chamado geek e não ter mais ninguém para se partilhar o entusiasmo é aborrecido.

O culpado: Ready Player One – Ernest Cline 


No distópico ano de 2044 o mundo basicamente está à beira da ruína. Uma dúzia de guerras assolam o globo, a crise energética profetizada décadas antes tornou-se bastante real, estados são meras fachadas pois quem governa são mega corporações. A única coisa que permite ao cidadão comum fugir do mundo lá fora é um jogo. Um jogo online de realidade virtual, o OASIS.

Wade Watts é mais uma pessoa que para fugir do mundo real mergulha nos muitos mundos virtuais do OASIS. Wade vive num trailer stack que mais não é que um arranha-céus precariamente construído de caravanas. Num dia como tantos outros, o mundo de Wade e o de outros tantos usuários do OASIS muda radicalmente. O lendário programador do OASIS, James Haliday, deixa uma última mensagem antes de morrer, a qual pode mudar o futuro de Wade e tirá-lo da precariedade dos stacks. Haliday escondeu dentro do jogo três chaves que abrem três respectivas portas. O primeiro jogador a encontrar as chaves e abrir todas as portas terá como recompensa nada mais nada menos que o controle de toda a empresa de Haliday, e consequentemente do OASIS.

E se toda a ideia de uma caça ao tesouro virtual não fosse suficiente, o que se destaca em Ready Player One são as suas referências à cultura pop dos anos ’80. Haliday havia sido um miúdo obcecado com os anos ’80 e todas as pistas indicavam que para se ser bem-sucedido na caça ao seu Easter Egg (nome dado ao conteúdo bónus escondido em videojogos) os caçadores teriam que ter um grande conhecimento da cultura de então.
 Desde jogos icónicos em máquinas de moedas (quem não se lembra delas?!), a filmes clássicos como WarGames ou Blade Runner, a Dungeons & Dragons  e desenhos animados como G.I. Joe, as referências não param. Um autêntico hino à nostalgia que vai apelar a todos os agora homens e mulheres que cresceram nessa década. Ora eu que nasci nessa década mas sendo um ’90 kid apanhei a grande maioria das referências, aparte das mais obscuras ou que não tiveram tanta voz deste lado do Atlântico, portanto penso que qualquer pessoa pode apreciar o livro. A história está bem contada, com ritmo rápido de descoberta em descoberta, e quando damos conta estamos completamente imersos no mundo virtual de OASIS, na vida das personagens que acompanham Wade Watts na busca pelo Egg à medida que enfrentam uma mega corporação que procura o domínio do OASIS para proveito próprio.

 Mas o encanto de uns pode ser o desencanto de outros, nem toda a gente poderá se interessar pela cultura pop daquela época, ou podem ser afastadas devido às referências serem demasiado obscuras. O que a meu ver até poderia servir de incentivo para se conhecer e esmiuçar o que de melhor se fez na altura, principalmente a nível cinematográfico. O info dump pode aborrecer algumas pessoas, não senti que fosse assim tão evidente mas há quem se queixe. Outro pequeno senão, o livro não está editado na língua de Camões, sendo que só quem se sinta à vontade em ler inglês vai poder entrar no OASIS.

Em suma um livro que apela à nostalgia de todos que cresceram nos ’80 ou mesmo nos ’90, e que recomendo vivamente. No Goodreads atribuí uma pontuação de 5 estrelas. Este vale a pena gente.

Já agora a minha página no Goodreads é esta: https://www.goodreads.com/user/show/4762435-rui-e

Boas leituras!